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A importância da digitalização para o agronegócio

Saiba quais tecnologias estão sendo adotadas para que a máxima “agro é tech” se expanda para todo o setor do agronegócio

Por Kaspars Grinvalds em canva.com

A essa altura, é impossível não ter ouvido pelo menos uma vez a máxima “agro é tech, agro é pop”. No entanto, o setor do agronegócio é muito mais heterogêneo do que o slogan dá a entender. Um bom exemplo é que enquanto a vinda do 5G pode beneficiar bastante, já a princípio, os grandes produtores, a baixa conectividade na maioria das áreas rurais ainda hoje é realidade.

Neste sentido, empresas têm buscado soluções que melhorem as tecnologias disponíveis e acelerem a digitalização do campo, conversando especificamente com as necessidades dos produtores agropecuários. As respostas vão desde o aprimoramento da conexão móvel a ferramentas de gestão e equipamentos.

O mapa da tecnologia no campo

Ainda que tecnologias digitais tenham amplo potencial de expansão e adoção no Brasil, alguns entraves como o alto valor de investimento e a falta de estrutura de conectividade ainda existem e são fatores de preocupação entre os agricultores.

Estas foram algumas das conclusões a que chegou a pesquisa Agricultura Digital no Brasil, feita pela Embrapa, Sebrae e Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que ouviu mais de 750 participantes entre produtores rurais, empresas e prestadores de serviço de todo o país sobre tendências, desafios e oportunidades no setor.

Segundo o levantamento, 84% dos agricultores brasileiros já utilizam pelo menos uma tecnologia digital como ferramenta de apoio na produção agrícola. A agilidade ao acesso à informação online é a verdadeira porta de entrada para estes produtores ao mundo digital – 40% deles, inclusive, já utiliza a internet como canal de compra e venda.

Um terço dos participantes também usa soluções digitais a fim de mapear a lavoura e a vegetação e para prever riscos climáticos. Outras tecnologias citadas são as voltadas para o bem-estar animal e para certificação ou rastreabilidade dos alimentos.

Além disso, o pesquisador da Embrapa Agricultura Digital, Jayme Barbedo complementa a pesquisa com algumas tendências que devem se intensificar nos próximos anos, entre elas a criação e instalação de equipamentos capazes de melhorar a conectividade no campo a um custo razoável e a criação de programas e aplicativos capazes de rodar localmente (por exemplo, no smartphone) sem a necessidade de uma rede para fazer upload ou download de dados.

Soluções para o pequeno e grande produtor

O pesquisador da Embrapa também alerta que o cenário do campo é bastante complexo e heterogêneo. Enquanto na pesquisa Agricultura Digital no Brasil 95% dos produtores demonstraram interesse em ter mais informações sobre a agricultura digital, o acesso a toda a tecnologia disponível não é uniforme.

“Grandes produtores e produtores menores com produtos de alto valor agregado já aplicam diversas tecnologias que os auxiliam na gestão de suas propriedades, e muitos deles são ávidos por inovação. Por outro lado, produtores com poder econômico menor ainda sofrem com diversas carências, incluindo uma infraestrutura básica para a aplicação das tecnologias”, afirma.

A diferença foi apontada pela própria pesquisa, uma vez que 67% dos agricultores afirmaram se assustar com os altos valores de investimento exigidos por estas soluções. Já a ausência de infraestrutura de conectividade é o maior entrave para a entrada no digital para 61% deles.

É o caso do produtor rural do Mato Grosso do Sul, Mateus dos Santos Cristianini. Ele acredita que hoje o pequeno produtor está em busca da mesma modernização do grande, mas enfrenta barreiras para isso.

“Hoje alguns maquinários já possuem chip de celular com conexão à internet para serem monitorados em tempo real, porém a área rural aqui do estado ainda sofre bastante com sinal de internet. Além disso, o que mais falta é pessoal qualificado para operar o maquinário e trabalhar no campo”, conta ele, que já aderiu à conectividade para monitoramento em tempo real das atividades realizadas, mapa de produtividade e instalação de estação meteorológica.

Já o empresário paulista do setor agropecuário, Gustavo Caride, reforça a impressão: “vejo no dia a dia que os produtores rurais menores não têm acesso grande à tecnologia. Mesmo a questão do celular é complicada e, consequentemente, acabam não chegando a um maquinário muito tecnológico ou controle por GPS”.

Portfólio das empresas para o agro

Devido à complexidade do setor, cada propriedade e negócio apresenta características particulares e é preciso encontrar serviços que façam sentido para as necessidades do local. Justamente por isso, as empresas que olham para o agronegócio constroem portfólios de serviços cada vez mais completos e personalizados.

A Vivo, por exemplo, apresenta soluções voltadas tanto para o pequeno e médio produtor quanto produtos completamente customizados para agroindústrias. Elas vão desde soluções de conectividade móvel e integração a gestão e maquinário inteligente chegando a aluguel de equipamentos.

Este ano, a empresa ainda adicionou duas soluções tecnológicas à lista, baseadas em internet das coisas, inteligência artificial, computação na nuvem e Big Data: uma plataforma de gestão pecuária e comercialização própria de drones para pulverização.

Já a TIM foi pioneira na oferta da tecnologia Narrow Band IoT (NB-IoT) no campo, funcionalidade que permite ampliar a cobertura tradicional em até 40%, mantendo o consumo de bateria baixo. A empresa de telefonia também tem um portfólio de serviços voltados ao agronegócio, baseado especialmente na oferta de 4G.

Em todos os casos, o pesquisador da Embrapa, Jayme Barbero, recomenda fazer uma análise criteriosa de custo/benefício para determinar se a contratação de certa tecnologia ou serviço é vantajoso, respeitando-se as especificidades deste ou aquele produtor.

Digitalização e inovação para potencializar ganhos do agronegócio

Além de um rol de serviços robustos e de qualidade, as empresas que atuam para a modernização do campo também precisam convencer o produtor que vale a pena adotar esta digitalização. “Afinal, em última análise, o que interessa é que a tecnologia traga ganhos, seja pela redução dos custos ou pelo aumento da produtividade”, fala o pesquisador.

Assim, inovações que surgem sempre vão ao encontro das necessidades de eficiência e melhorias que, direta ou indiretamente, chegam ao consumidor final.

O advento do 5G é um exemplo, já que ele pode viabilizar aplicações que exijam uma intensa troca e coleta de dados, como é o caso de veículos autônomos (maquinário agrícola, robôs e drones).

Jayme Barbero também cita players como o CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações) que estão concentrando esforços para a criação de equipamentos e tecnologias mais competitivas e acessíveis. Para ele, muitas coisas interessantes vêm surgindo, inclusive com startups.

“Um exemplo de sucesso é a empresa Agrosmart, que oferece soluções para irrigação inteligente capazes de não somente tornar o uso da água mais racional, mas reduzir os custos econômicos arcados pelos produtores para gerir sua propriedade”, explica.

No geral, tornou-se possível a criação de tecnologias capazes de resolver uma ampla gama de problemas. Porém, tudo passa, como sempre, pela infraestrutura. “Para que tais tecnologias de fato funcionem é necessário que se tenha dados de boa qualidade, que representem toda a variedade de condições encontradas na prática”, finaliza o pesquisador.

 

Fonte: Consumidor Moderno

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